Afinal, nem todo mundo percebe o perfume das flores à primeira vista.
Aí eu percebi que a única conversa que não é interessante é a minha.
E, ao pensar assim, mergulhei em um silêncio estranho, quase confortável, mas inquieto. Será que minhas palavras não têm o brilho que vejo nas conversas alheias? Ou será que sou eu que as deixo sem vida, incapaz de enxergar nelas o mesmo encanto que vejo nos outros?
Talvez seja o peso das comparações, o hábito de olhar para fora e achar que tudo é mais bonito quando não vem de dentro. Talvez, no fundo, seja medo de ser ouvida, medo de que minhas ideias, tão bagunçadas e despretensiosas, sejam pequenas demais para o mundo lá fora.
Mas, se até os girassóis, que se inclinam em silêncio em direção ao sol, têm seu encanto único, por que minhas palavras não teriam? E se o problema não for a conversa em si, mas o filtro com o qual a percebo? Afinal, nem todo mundo percebe o perfume das flores à primeira vista.
A verdade é que, no caos do cotidiano, nos esquecemos de que somos feitos de histórias. Algumas longas, outras breves, outras ainda interrompidas. E mesmo aquelas que julgamos "sem graça" têm seu valor, pois são pedaços de quem somos — um mosaico de momentos, pensamentos e sentimentos que só fazem sentido quando vistos por inteiro.
Talvez o interessante não esteja na grandiosidade das palavras, mas no ato de dizê-las. Talvez seja sobre compartilhar, mesmo com a dúvida, mesmo com o medo. Porque, no fim, o que nos conecta são essas pontes frágeis e imperfeitas que criamos ao nos permitir ser humanos. Humanos em nossas incertezas, vulnerabilidades e pequenos brilhos que, às vezes, só precisam de outro olhar para se revelar.
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